23/06/25
A alegria de dançar, cantar e aproveitar as festas juninas nem sempre são compartilhadas por todo mundo. É claro que tem quem não goste, porém, o recado é sobre e para as pessoas dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Uma das características comuns do transtorno é a hipersensibilidade sensorial e, consequentemente, maior incômodo com o barulho capaz de causar crises.
Só que é impossível imaginar os arraiais pela região de Campinas sem barulho, então, é impossível imaginar a presença de pessoas dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA)? A professora do curso de Enfermagem no Centro Universitário Unimetrocamp Wyden, Simone Camargo responde: “É claro que podem frequentar as festas. Só é importante considerar suas necessidades sensoriais, emocionais e sociais para que a experiência seja positiva e respeitosa”.
Entre as questões a serem evitadas pelas pessoas dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA), Simone Camargo destaca: Luzes piscantes ou estroboscópicas; Contato físico intenso; Mudanças bruscas na rotina; Excesso de estímulos ao mesmo tempo. Falando assim, ainda parece quase impossível ter essas pessoas nas festas, não é? Pois bem, impossível seria privá-las de momentos de alegria.
Conforto e segurança, especialmente de quem acompanha, mas também dos outros, são as palavras-chave para respeitar as particularidades das pessoas dentro do TEA. “Para ajudar, é sempre importante realizar planejamentos antes de ir no evento, trazer previsibilidade para a pessoa com TEA. Também evite pressões para interação e nunca se esqueça de levar itens de apoio como abafadores de som, objetos que sejam familiares e tranquilizadores”, explica Simone.
A relação entre autismo e barulhos de fogos de artifício é um tema de grande importância e que gera muita preocupação não apenas para pessoas no espectro autista e suas famílias, mas também o poder público. Algumas cidades brasileiras já possuem legislação específica para proibir ou coibir o uso de fogos de artifício com efeitos sonoros, geralmente à base de pólvora. A psicóloga e professora de psicologia da Wyden, Aline Alves, explica que a baixa tolerância ao barulho se deve principalmente à hipersensibilidade sensorial, uma característica comum no Transtorno do Espectro Autista (TEA).“Pessoas com autismo frequentemente têm um sistema sensorial que processa os estímulos do ambiente de forma diferente. No caso da audição, sons que para a maioria das pessoas são apenas altos, para quem tem hipersensibilidade podem ser percebidos como extremamente intensos, dolorosos e até avassaladores”, diz.
Os fogos de artifício combinam diversos fatores que podem ser gatilhos para essa sobrecarga sensorial:
Esses estímulos podem desencadear diversas reações, como:
Sintomas físicos: Algumas pessoas podem apresentar sintomas como diarreia ou dificuldades respiratórias devido ao estresse.
Infelizmente, não há como garantir que haja o cuidado esperado com as pessoas dentro do TEA. Por isso, é válido estar atento aos sinais de uma crise e saber como amenizar a situação. Segundo Simone, “as crises geralmente ocorrem por sobrecarga sensorial, emocional ou frustração” e há uma série de atitudes a serem tomadas.
Sua tranquilidade influencia diretamente na recuperação da pessoa. Fale em tom baixo e calmo, evite gritar ou dar ordens firmes.
Leve a pessoa para um ambiente mais silencioso e tranquilo, se possível. Apague ou diminua as luzes, desligue a música, afaste as pessoas.
Não toque na pessoa, a menos que ela permita ou esteja em risco (algumas crises pioram com toque). Fique por perto, mostre presença e apoio, mas sem invadir o espaço.
“Estou aqui.” “Vai passar.” “Você quer ir para um lugar mais calmo?” Evite dar muitas instruções ou fazer perguntas complexas.
O que não fazer
Ainda segundo a psicóloga Aline Alves, é fundamental que as pessoas e a comunidade em geral compreendam essa realidade para que haja mais empatia e consideração. A especialista destaca algumas estratégias que podem ajudar a amenizar o impacto dos fogos de artifício em pessoas autistas incluem:
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